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Na cadeia, mãe de Joaquim fica isolada para não sofrer agressões

José Bonato

Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)

14/11/2013 12h47

A psicóloga Natália Ponte, 29, mãe do menino Joaquim Ponte Marques, achado morto no domingo (10), está isolada em uma cela na cadeia feminina de Franca (400 km de São Paulo) para não correr risco de sofrer agressão de outras presas.

Ela e o marido, Guilherme Longo, 28, são suspeitos da morte do garoto e foram presos no mesmo dia em que seu corpo foi encontrado, no rio Pardo, em Barretos (423 km de São Paulo), após seis dias desaparecido.

O casal vivia num bairro de classe média em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) com Joaquim e um bebê de três meses. Joaquim estava desaparecido desde a madrugada do dia 5.

A polícia suspeita que o garoto tenha sido lançado num córrego já sem vida na mesma noite. O córrego deságua num ribeirão e este, no rio Pardo.

“Seria correr risco deixá-la com as demais presas", afirma o delegado Eduardo Bonfim, 52, diretor do presídio de Franca.

De acordo com ele, Natália tem aparentado tranquilidade na prisão e, na manhã desta quinta-feira (14), recebeu a visita do pai, Vicente Ponte, e de um irmão, antes de ser levada para Ribeirão Preto para prestar novo depoimento à Delegacia Seccional de Polícia.

A cadeia feminina de Franca tem capacidade para144 mulheres, mas, atualmente, tem 122 prisioneiras, segundo o delegado. As presas se alimentam três vezes ao dia: café da manhã, almoço e janta.

Versão alterada

Depois do café da manhã, as detentas são liberadas para ir ao pátio. Algumas delas, segundo o delegado, desenvolvem trabalhos para conseguir renda. Às 17h, são recolhidas de volta às 16 celas.

No último depoimento que deu à polícia de Ribeirão Preto, no dia 11, Natália mudou a versão que vinha dando sobre seu relacionamento conjugal, que seria harmonioso, e afirmou que chegou a ser agredida pelo marido no início do ano.

Também relatou que Longo via Joaquim como “empecilho” à relação de ambos e teria a ameaçado de morte e de jogar o bebê deles contra a parede.

As declarações de Natália foram contestadas pela família de Longo. Segundo a mãe dele, Augusta Aparecida Longo, a nora jamais reclamou do filho em 18 meses de relacionamento. De acordo com ela, o rapaz sempre foi amoroso com a mulher e os filhos.

Na tarde de quarta-feira (13), o padrasto de Joaquim prestou novo depoimento, acompanhado de advogado, do delegado que investiga o caso, Paulo Henrique Martins de Castro, e do promotor Marcus Tulio Nicolino.

Ele novamente negou o crime e disse que se autoaplicou insulina, substância que Joaquim usava diariamente por ser diabético. Uma das hipóteses que a polícia investiga é se a morte do menino teria sido provocada por uma superdosagem da substância.

Longo confessou ser dependente de cocaína e que, no dia da morte do garoto, saiu para comprar o entorpecente. Ele não teria encontrado a droga e voltado para casa, na qual a mulher já estava dormindo, assim como Joaquim e o bebê.

O padrasto de Joaquim já esteve internado para se curar da dependência química, ocasião na qual conheceu Natália, que atuava como psicóloga do local. Na clínica onde recebeu o tratamento, em Ipuã (411 km de São Paulo), Longo nunca demonstrou agressividade, segundo o coordenador Pedro Roberto de Souza.